segunda-feira, 27 de maio de 2013

HÁ “GENTE GRANDE” POR DETRÁS DA G4S


Mariano_matsinhe2General Matsinha é um dos donos da G4S
Mariano de Araújo Matsinha, ex-ministro da segurança (SNASP) do regime monopartidário, General na Reserva e destacado membro do Partido Frelimo, no poder, é a figura política que está na liderança da G4S.
Borges Nhamirre
A empresa G4S Security Services (Moçambique), Limitada que está em envolta em mais escândalo com os seus trabalhadores, devido ao não pagamento de salários e outros direitos laborais, tem na sua estrutura accionista “gente grande”.
Os escândalos da G4S com os trabalhadores não são recentes.
Desde 2009 que os trabalhadores tem-se rebelado com o patronato, tal como acontece um pouco por todas as empresas de segurança que operam no país. Desta vez os desmandos na G4S atingiram o pico com o espancamento brutal dos trabalhadores grevistas pela Força de Intervenção Rápida, um segmento da Polícia da República de Moçambique.
Os trabalhadores que se manifestavam na sede da empresa em Maputo, foram brutalmente reprimidos pelos agentes da FIR, aparentemente solicitados pela direcção da empresa.
Os donos da G4S
A partir do momento que as imagens da repressão brutal empreendida contra a manifestação dos trabalhadores da G4S chegaram ao público, através da televisão e dos jornais, a grande preocupação das pessoas foi querer perceber afinal o que está por trás desta empresa que falta ao pagamento de salários dos trabalhadores e ainda tem a prerrogativa de mandar torturar a massa laboral com recurso a agentes da FIR.
Uma pesquisa do Canal de Moçambique permitiu apurar quem é o patrão da G4S. A empresa tal como ela é actualmente, nasceu da fusão de várias empresas de segurança, então existentes no país, que foram adquiridas pela multinacional britânica, G4S INTERNATIONAL HOLDINGS, LIMITED.
A G4S, quando entrou em Moçambique em 2005/2006, absorveu algumas empresas de segurança privada que já operavam no país, nomeadamente, Wackenhat, Alfa Segurança, Securicor e Safetech, e criou o monopólio no mercado.
Segundo consta do Boletim da República (BR) nº 47, III Série, 2º Suplemento de 21 de Novembro de 2008, no dia 07 de Novembro de 2008, houve alteração de pacto social, quotas, sócios da G4S e passaram a integrar a estrutura accionista da empresa, algumas figuras sonantes.
Mariano de Araújo Matsinha, ex-ministro da segurança (SNASP) do regime monopartidário, General na Reserva e destacado membro do Partido Frelimo, no poder, é a figura política que está na liderança da G4S.
Foi membro do Bureau Político do Comité Central da Frelimo até se concluir a Guerra Civil.
Matstinha entrou na G4S através da Securicor (Moçambique), Limitada, empresa de Segurança de que era accionista.
Mariano Matsinha é uma figura polémica pelo menos na esfera política. Há cerca de um ano, apareceu em entrevista num semanário da praça onde dizia que “matar era regra na Frelimo”, recordando as chacinas do período pré-independência e pós-independência nos campos de reeducação e ainda durante a Luta de Libertação Nacional.
Numa outra entrevista enquanto cabeça de lista da candidatura da Frelimo às eleições Legislativas de 2009, na província de Tete, Mariano Matsinha voltou a se celebrizar ao afirmar que a Frelimo ainda ficaria no poder em Moçambique por mais “pelo menos 1000 anos”.
A G4S tem no seu corpo de accionistas outras figuras do Partido Frelimo e dos ex-SNASP.
É sócio Filipe Manuel Viegas Serrão Franco, que também entrou através da Securicor (Moçambique), Limitada e António Augusto Figueiredo D’Almeida Matos que também consta da estrutura accionista do Grupo Comercial do Sul-Sul, Limitada.
Agentes da FIR ainda não foram responsabilizados
Os agentes da FIR responsáveis pela tortura e espancamento brutal dos seguranças da G4S ainda não foram responsabilizados criminalmente. E não foram sancionados disciplinarmente pela sua actuação que chocou a opinião pública e se teme que possam vir a suscitar novos movimentos de indignação.
Esta terça-feira, dia 12 de Abril de 2011, o porta-voz do Comando Geral da PRM, Pedro Cossa, confirmou que os agentes da FIR que espancaram os agentes da empresa de segurança G4S de uma forma desumana e brutal, mesmo estando eles à civil, desarmados, e depois de os ter neutralizado, continuam a trabalhar normalmente, enquanto decorre um inquérito interministerial, integrado os Ministérios da Justiça, Interior e Trabalho, que dentro dos próximos 10 dias deverá apresentar os responsáveis pelas acções desumanas doa agentes da FIR.
Seguranças detidos
Neste momento, pelo menos 24 agentes de segurança da G4S estão detidos na cadeia civil, confirmou na mesma ocasião o porta-voz do Comando Geral da Polícia, Pedro Cossa.
Confirmou também que parte destes agentes está a receber tratamento hospitalar devido ao espancamento brutal de que foram vítimas.
Entretanto, a Polícia não confirmou as notícias da morte de um dos agentes de segurança vítima de espancamento.
Canal de Moçambique – 13.04.2011

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